sábado, dezembro 26, 2009

Mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida?
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

-------------------- Vinicius de Moraes

sexta-feira, dezembro 18, 2009

O fogo (do poema de Vinicius denominado Os Quatro Elementos)

O sol, desrespeitoso do equinócio
Cobre o corpo da Amiga de desvelos
Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos
Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio.

E ainda, ademais, deixa que a brisa roce
O seu rosto infantil e os seus cabelos
de modo que eu, por fim, vendo o negócio
Não me posso impedir de pôr-me em zelos.

E pego, encaro o sol com ar de briga
ao mesmo tempo que, num desafogo
Proibo-a formalmente que prossiga

Com aquele dúbio e perigoso jogo...
e para protegê-la, cubro a amiga
Com a sombra espessa do meu corpo em fogo.

sábado, dezembro 12, 2009

Menina se quer casar

Menina se quer casar,
Não busque amor em todos
Menina se quer casar
Procure um homem de Touro.

Procure homem de Touro
Que te cuide com carinho
Que leve café na cama
Olhe por seus caminhos

Procure um Taurino forte
Daqueles firmes e belos
Soltando pelas ventanas
Um amorzinho singelo.

Singelo, mas decidido
Sem juras, badalações
Amor transmitido nos atos
Resistente a furacões.

Persiga menina, Ache
Este nascido da terra;
Detentor de tuas certezas
Seja na paz, seja na guerra.

Mas veja menina, relaxe
Se acaso não conseguir.
Se a vida não lhe ofertar
Há o libriano aqui.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Santo Amaro (de Augusto Alves de Sant'ana)

Meu Santo Amaro belo, amigo e hospitaleiro
Dos ricos massapês, dos engenhos antigos
Dos nobres, dos barões, de um povo prazenteiro
Que a todo instante vive a granjear amigos.

Bem vês que tenho orgulho enorme, sobranceiro,
De ver por toda a parte, em teu torrão, abrigos,
Pois sei bem Tu quem és, o grande cavaleiro
Que vence com amor os fortes inimigos.

Nos teus canaviais de leque aberto ao vento
Sinto o cheiro do mel a adocicar-te a vida.
O teu maculelê, com ginga e encantamento,

Lembra a tua capoeira alegre e divertida.
Na tua catedral está meu pensamento
E em todo o teu passado, enfim, terra querida.

--------------------------------------- Salvador, 5 de maio de 1977.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Boatos

Mas vive assim perdida e tão serena
Nos lábios calmos daquela menina
Uma paz com um cheirinho de açucena,
Sabia?

Eu ouvi dizer de um tal rapaz...
Não tive, não provei, mas vou provar,
Quem sabe seja minha aquela paz?
Vou lá.

sexta-feira, novembro 20, 2009

O amor é o tempo
de um olho no olho
doces encantos
em cada olhar

perpassam vislumbres
(sorrisos no rosto),
E a flor da menina a desabrochar.

O amor é um encanto
o doce do tempo
olho no olho a cada olhar

A vida se move
revela os momentos,
mas nunca deixa-se revelar.

O amor e a vida
caminham juntos
A vida em seu véu
o amor a se doar;

Mas se a vida sem eira
jaz qual defunto
Somente o amor para ressucitar...

quarta-feira, novembro 11, 2009

Luar

Tanto pode a praia ser tranquila
Como pode a vida não ser feia,
Mas eu sei que o amor dessa menina,
Caralho, não é brincadeira.

Olha a cor da pele, que veneno,
Olha a malandragem dos seus passos,
Eu não saio daqui, mas nem fudendo,
Ela me deixou hipnotizado.

Olha ela dançando, nem me olha.
Mas eu não vou tirar os olhos dela,
Seja noite, dia, o quer que seja!

lato e uivo por essa mulher!
Ainda mais que hoje é lua cheia
Ainda mais que a noite é longa e eu sou só dela.

terça-feira, novembro 03, 2009

Colado a minha face

Eu sou em uma máscara de ferro,
vivo ausente dos olhos do mundo.
Entre sorrisos, gracejos
Vivencias e medos,

me escondo
e encubro minha face entre subterfugios.

Em vida não sei quando ela pousou
sobre a minha face como um simbionte,
e preso a minhas vestes me atraiçoou
Me fazendo um bandido ou cigano sem fronte.

Ela que tanto me fez ser o que sou
mesmo que forma falsa de ser eu,
me faz ter por ela um certo amor
e um ódio indefeso tão fariseu.

em vão nem mais tento tira-la
ela se faz como uma forma de mim
Uma peste, cujo bacilo se instala
Entre as minhas vís organelas sem fim.

Ela é a peste, a caveira de metal.
É a lembrança de quando vivia em mim,
E se não a desfaço em tom quase fatal
é porque assim não serei mais ninguem:
Nem a ela, Nem a mim.

terça-feira, outubro 27, 2009

O mundo de lá

O mundo de lá...
Tantos sonhos nascem lá,
Nos legam tudo.
Carro, TV, poesia,
Tanto fogo, quase alegria:
Tudo.
Todas as minhas Drogas
Todas as minhas dores,
Tudo.

O indio morto
O preto preso
A faculdade
A liberdade,

Tudo.

Por mais que queiramos coisas novas
Por mais que criemos outros inícios,
não importa,
De uma forma ou de outra
Tudo nasceu lá.

terça-feira, outubro 20, 2009

Negrume Celeste

A noite tem uma constante
De tristeza e irresoluta adoração
Pelos ares e os falsos semblantes
Pela sua irresoluta imensidão.

Belas mulheres e alegres meninas,
Turbulência, brancura, depravação,
Sorrisos doces e doces alucinantes
--------------.Amplidão.

Os olhos embotam as lágrimas cadentes
Quando ao longe a mulher se vai,
É o amor a irromper na gente...
Nos destrói, nos desvaira, se esvai.

Ao mesmo tempo meus olhos sorriem
Por uma brancura salpicada em raso flerte...
É a leviandade ante a ruir minhas narinas
Ou a liberdade a me invadir assim solerte?

Mas tais questões dispersam pela noite
Por teus olhares, teus desterros, tua má fé,
Ente a bailar pelas almas como quem some
Como uma música , um poema, uma mulher.

terça-feira, outubro 13, 2009

Três quartetos

O verso é o terreno da calma
Não cabe a embriaguês do mar
Por tal não traduzo minha alma
Prefiro em tua noite embalar.

O mar é o lar das tempestades
Verdadeiro porta-voz da imensidão,
E o verso quando fala não sabe
decifrar o mar em teu bordão.

Por isso quero um beijo teu menina!
Quem sabe nesse enleio vá encontrar
O verso que trespasse tal enigma
O verso que traduza a voz do mar.

terça-feira, outubro 06, 2009

Na defensiva

não vivo na sua pele
não sei qual seu recado
nem vou ficar sonhando,
pois prefiro estar acordado.

Pressinto o paraiso
nesse gosto de inferno
que traz no seu sorriso,
mas eu vou ficar esperto,

Pois eu não sou mais garoto
nem sei qual poesia,
Menina, nos seus sonhos
me traz!

Mas sei que não é
nenhuma Meireles
nem nenhum Moraes!

quinta-feira, outubro 01, 2009

Prece

Mulheres, meu Deus, Mulheres!
Essas pestes, essas alegrias...
Mulheres, meu Deus, Mulheres

Tantos estragos são suas melodias,
Tantas tristezas são seus embargos!
Tantos poetas sem tua companhia,
Tantos e tantos e tantos percalsos...

O que faço, meu deus, Mulheres...
Enlevo de rubras vozes celestes.
Motivo de riso, motivo de pranto,
Fluido inimigo, serpente, e no entanto:

Mulheres, um doce encanto.

domingo, setembro 27, 2009

Maritima I

Seu mar rasga o amor dos fracassados:
Este mar tão carregado de loucura,
Lá no jeito tão sestroso de seu passo
Pela noite santa e dócil como impura.

O meu peito já não aguenta o seu sorriso
Essa peste, essa mentira escancarada!
Mas não há dia que não venha o paraiso,
ou o inferno, quente lar da sua morada.

Pois é a Mulher das falacias e mentiras,
Talvez o jogo seja a busca da tua fala...
E nesse enleio me perco e me preciso,

Pois o homem se refaz pelas pedradas!
(Não sei ao certo o mar que em ti persiste,
mas sei qual tempestade é a tua chegada...)

sábado, setembro 19, 2009

Perda

A noite perde a lírica amorosa
E nela todo o ser do seu mistério,
Vago nestas terras pedregosas
Triste e polidamente sério

A noite sem o ser do seu mistério
Sem o desvario do louco amor
Sobra morta como um cemitério
Deixa-me numa grande dor

A lua não me traz seu jeito ébrio
O Mar não me conforta ao balançar
Preso numa atroz melancolia

Sigo, sigo em frente sem parar...
Ciente da tristeza que vigia
A noite destronada de seu lar

terça-feira, setembro 08, 2009

Desamparo

Porventura os versos falam,
E tonto procuro algo no seu dizer.
Na letra insinuante,
no signo incinerante...
No mistério plurificado do seu ser.

Mesmo nas vozes mais diretas,
Nas metáforas mais concretas:
Nada.

O verso me habita e não me diz nada.

Juro que tentei me apartar da poesia,
Quase chorei até, não consegui.
a poesia (mesmo a ser nada) ficou,
Calada, confidente, tortuosa:
minha morte serena, minha droga.

sábado, setembro 05, 2009

Passarinhando

Lá vai a menina comprar o pão,
blusinha branca, moedas na mão,
Olha os dois lados, trespassa a rua,
Suave flutua por cima do chão.

Cintila dos lábios um doce assobio:
Sutil passarinho, suave canção.
Não sabe os meandros mordazes da rua,
Não sabe e é sua essa louca ilusão.

Se um dia a menina se fere no peito
Recai em meu leito uma lamentação.
Pois essa menina é o encanto da lua

E encanto da lua é um doce clarão.
Clarão dos meus dias, verazes poesias,
Verazes poesias, enlaces, manhãs...

domingo, agosto 23, 2009

Poema para o verdejar da menina

olha o verde chegando
em todos os cantos do mundo!
Teu cheiro é verde e seu passo
verdeja a cada segundo...

É verde o laço que traço
nos olhos (teu olhar mais profundo),
e o verde deste poema, faço
que seja as verdades do mundo.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Familia

Há uma casa ao lado do sitio
luz acesa, ar tranqüilo.
Ela aparece no ar enquanto a vida prossegue...

A família pouco se atém aos acenos da noite,
Apenas colocam casacos de veludo
E seguem...

meu tio da uma risada gostosa
sincera e espalhafatosa

minhã tia não para de trabalhar,
uma boa pessoa, dificil de achar...

Um outro tio é um beberrão safado
Mas tem bons filhos filhos, e um ogum consagrado

Meu outro tio é catolico até os ossos,
mas bem culto, com filhos maravilhosos.

e tem minha mãe...
A mais Linda,
um coração de mãe...

domingo, agosto 09, 2009

E ai?

O que é que falta?
uma palavra amena?
uma sílaba no poema?
um fim desses casual?
uma canção de amor banal?

Ou um pouco de travessuras?
Loucuras na cama? a lua?

Me diga, por que essa merda?
Quer que eu seja um palerma?
Ou quem sabe um asceta?
Açguém que diz "então tá"?

O que você pede de mim?
Uma fugaz euforia?
Festas, danceterias?

Diga, eu estou esperando,
Não tenho esse tempo todo.

domingo, julho 26, 2009

Elegia (Breve elogio fúnebre)

Aqui jaz a vida:
Ocaso como Acaso de si.

Estampada na alma de quem não suicida
A alma e a vida que há para si.

Aqui jaz a vida:
acaso da Razão,
frutífero Ruir.

Sorriso nos olhos da mulher embevecida,
Compasso e o pesadelo dos sonhos
que estão por vir...

Aqui jaz a vida:
Sem
ente do derradeiro,
Solilóquio dos estrangeiros
de sí.

quarta-feira, julho 22, 2009

Sobre um blog Muito lindo!

http://dasideiasdecaioruda.blogspot.com

Poderia fazer uma apresentação do tipo:

Estudante de Psicologia nascido no interior da Bahia e bla bla bla...

Mas não, vou dar a real: Este é um poeta do caralho que raramente é encontrado por estes blogs net a fora.

Mas enfim, acabei de conhecer a poética dele e por isso essa empolgação toda!

terça-feira, julho 21, 2009

Marra

Deu o primeiro drible
safado, olhando de lado,
chamou de bicha o zagueiro:
sorrindo, desaforado.

Driblou o segundo brincando
parou e bateu pontinho!
E quando outro veio rasgando,
deu uma tabaca e seguiu.

Ainda faltava três,
mas viu o goleiro adiantado,
então, com desfaçatez,
encubriu e saiu po abraço...

sexta-feira, julho 17, 2009

Poesia Contemplada

Entre o amor e a poesia

Singela como toda poesia
E poética como toda calma
Aldaz como o sol dos meus dias,
Amada.

Mais bela que a bela da fera
Mais linda que o ato de adão
Mais fina que a consternação
Alada.

Mais nova que a velha poesia
Bravia igual as ondas do mar
Confusa como uma romaria
Tortuosa como ocasos do amar.

Embora lhe seja perfeita
As noites de mar e luar
Em vão te traço a poesia
Como um desejo sem par
Conforme as razões do meu dia
Conforme o não se conformar...
(Os olhos embotam-se a lágrima
os olhos são olhos e solidão
Os olhos são modos de calma
que acalma a mais quente paixão).

E assim sei nestes novos dias
Poética e póstuma é minha alma,
Pois a paixão é o reverso da poesia
E as poesias são mortes e lástimas,

Então por fim se inicia
O mais novo enlace poético
Como matéria sem alegria
Traço a poesia sem fins magnéticos.

Foi com algum ar de inquietação que Martim leu aqueles versos. Talvez tenha estremecido um pouco e chegou até a ameaçar quedas de lágrimas. Mas conteve-se. Um poeta saído daqueles ares duros e abafados no pregão das madrugadas foi no mínimo inovador. Ele pensou em guardar os versos pra si, olhou pro lado olhou pro outro, mas desistiu. Poeta... Onde já se viu trabalhador com essa capacidade poética, com essa fineza típica dos letrados nas artes da poesia romanesca? Não que ele fosse preconceituoso, mas essa era uma poesia que costumavam altear nos seus tempos de faculdade, quando freqüentava as festas loucas no FFCH e quando amigos lhes mostravam as mais belas (e algumas não tão belas assim) poesias. Mas naquele trabalhador rude e gaiato, propenso às mais esculhambadas pataquadas, não esperava nem um pouco. E aquela consciência do local definido da poesia moderna.... Aquela fineza de vocabulário... Ficou impressionado. Certo que não era a poesia de nenhum Vinicius de Moraes, mas era muito boa. Vinicius de Moraes mesmo teria dito isso, logo ele que era um amante do povo e de sua “Pátria tua” tão pobrinha? Que tinha vontade de nina-la e se orgulhava de torcer pelo (fudido) Botafogo? É, com certeza teria dito isso. No mais ficou feliz de ter um empregado desses, certo que não era seu empregado, mas era de cargo superior (iria comentar isso com seus amigos). Resolveu lê-la de novo, tava pensando se iria comentar com o autor que tinha lido. Era uma poesia bonita e tal, mas à achou mexendo no armário dele e tal... Não ia pegar bem. Certo que não ia dar nada pra ele, mas estava querendo a amizade do seu subordinado e não pegava bem mostrar, mesmo que da sutil forma que se apresentava, esta superioridade. Mas mesmo assim sabia que esse lado hierárquico de suas condições sociais iria circular toda a relação que estabelecessem daqui pra frente. Mas mesmo assim achou melhor guardar a poesia no lugar, se arrummar e ir pra casa. Era melhor assim. Não ia comentar nada com ele.

sábado, julho 11, 2009

revelações

há duas formas de medir a amizade dos homens
pela cumplicidade nos momentos solitarios
e pelos chingamentos em público.

sexta-feira, julho 03, 2009

Poética obtusa

As poesias não existem no tempo
Vivem no mais imponderável ser
Podem revelar tenazes intentos
Que faça feliz ou que faça sofrer

Mas pode a poesia ser vazio
Insustentável leveza do ser
Talvez um ladrilhar de caminhos
Ou besteiras sem ter porque

As poesias são olhares do mundo
E o mundo são olhares poéticos
E enquanto vagueiam os olhos do mundo
Sinuosas verdades nos tornam complexos

E as verdades não tem dois caminhos
Tal qual a poesia não nos traz verdades
Pois o mais cristalino e dengoso versinho
Não diz o que o futuro nos traz sem alarde

Então não se encante, mas sinta o poema
E deixe-se banhar por este sol monumental
Por mais que nos cante e nos faça loucuras
A literatura não nos salva do mal.

quarta-feira, julho 01, 2009

Em consonancia com as espetacularidades cinematograficas é (sem duvidas) necessario um contrapeso, Uma musica da capoeira sobre Besouro

Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Quando eu morrer(ô IáIá) Me enterre na lapinha
Calça culote paletó almofadinha

Adeus Bahia zum zum zum cordão de ouro
Eu vim aqui porque mataram meu besouro

ê zum zum zum zum zum
ê besouro...


Pra quem não sabe Besouro foi um capoeirista do reconcavo Baiano do inicio do século XX que segundo os dizeres do proprio foi João Pequeno de Pastinha foi o primeiro mestre deste, longe de ser necessario por em cheque essas questões, isso eh mais que uma evidencia da importancia desse capoeirista.

Há varias lendas sobre o que ele foi e o que ele n foi, mas a mais conhecida é a que ele possuia o corpo fechado e que a unica coisa que o matava era a faca de Ticum ou Tucum... O que também pode ser interpretado como uma colateralidade de sua incrivel tecnica de luta. Enfim sairá o filme que de uma forma mentirosa ou n mostrará muitas coisas sobre ele pra vcs (que se interessarem eh claro)

segunda-feira, junho 29, 2009

Vida amores e lembranças

Eu não tenho no amor qualquer constancia
Nem consiste o amor nalguma gloria
Sou filho das loucuras, minha historia
é o choro das paixões desmerecidas

Se eu sou conforme a vida dissonâncias
Senhor de mim não sou e nem poderia
Ao tom das inconstancias minhas lembranças
se emporcalham nas feridas bem doidas

Entregue nas saudades não vividas
vivo assim perdido nas distâncias,
pois longe vive em mim minhas lembranças
e longe vivo assim da minha vida.

quinta-feira, junho 11, 2009

Eu tenho uma poesia no bolso pra lhe entregar,
Linda,
Bem doce
Como um chocolate de ilhéus
E banal como uma musica de Jorge Ben...

Um gol de pelé aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo!

E como haveria de ser, é uma poesia de amor
Bem clichê como o amor de todos nós,
Um pouco triste, jura mundos e fundos
E lhe promete a felicidade dos maiores romances

Essa poesia possui rimas em seu lugar comum:
Amor rima com dor
Saudade com fim de tarde
Tristeza com beleza,
O que com certeza faz vomitar o mais indecifrável crítico de arte,
Mas que faça balançar o coração da mais bela das mulheres

Você
Que em sua distração talvez não tenha se dado conta
Que é a musa deste poema, a beleza que me encanta.

domingo, maio 17, 2009

poética corporea

Ela... Alteia sua perna sinuosamente
e traduz, entre olhares trejeitos sexualizados,
a vastidão de sua vagina...

Ela... Que enquanto passeia vagarosamente pelo meu corpo,
escreve entre suspiros e gemidos,
a poesia mais perfeita. delicadamente.

Ela... que não percebe as sutilezas das aquarelas
e passa todas as suas noites à assistir novelas.
Sabe o valor e o significado, de sua poética corporea...

segunda-feira, maio 04, 2009

pictures

poesia que salta aos olhos
poesia que nos martiriza
poesia que abriga nos sonhos
outras que ao sonho motriza

poesia que abriga a tarde
poesia barulho do mar
poesia sem claridade
poesia à se aprimorar

poesia religiosa
canhestra, sublime e dengosa
poesia mar de abismos
À por entre as almas os istmos

poesia feitora dos ganhos
verseira brejeira fria
poesia enlace medonho
encanto das noites sombrias

poesia que acalma as manhãs
poesia dos olhos do amar
poesia da febre terçã
poesia sem noite nem lar

poesia que aos outros prossegue
fenece ruboriza e distrai
poesia sem sonhos que tece
apetece dilata e contrai

poema que aos olhos do amor
persiste entre ilhas e frestas
poesia sem sombra nem dor
poesia vida secreta

sexta-feira, abril 24, 2009

encruzilhadas...

Entre os versos
entre as noites
Entre as brumas e os açoites
há o percurso de minha vida

no mais préstimo desejo
entre as notas e os arpejos
há o vislumbre do meu dia

ao som dos embalos da noite
na profusão das historias anagrafadas
semeio o calor do meu jeito

nos encontros inusitados
entre falacias e baseados
perfaço as asas dos meus costumes

Encontros, ocasos e tédios
em busca de algo? um mistério...
quem sabe a procura do que se oculta.

Sou os olhos do amor e a matéria bruta.

sábado, abril 18, 2009

conclusão

observando a vida conforme se manifesta
e todas as minhas prendas que dela se desconecta
não faço festa,
prefiro rezar a procura de proteção.

sexta-feira, abril 03, 2009

vislumbre de noite

O céu quando vislumbrado
não fica sempre como esta
as vezes parece parado
as vezes acaba em luar

e a noite cheia de estrelas
é coisa de se admirar
naquele mesmo regasso
naquela praia sem par

o dia não tem recomeço
a noite acaba uma hora
as coisas são assim...

as estrelas se brumam em nuvens
o céu se derrama em leite
e nada sobra que se aproveite.

terça-feira, março 24, 2009

A mim

É com peito de homem
Andar de menino
e uma sincera vontade
De selar meu destino

É com sonhos de hoje
E a firmeza do ontem
Que prossigo nesta guerra sem nome
Entre solavancos
Tentativas
E com o peito calejado de feridas

É com o grito da fera
Que me vou ao futuro
Na tentativa de quebrar meus muros

sábado, março 21, 2009

vinheta

as filosofias baratas
as escuridões avessas
a ultima gota de sala
que morreu na fúria besta

As loucuras em forma de pão
As besteiras de rua canoa
e essa saudade que paira e não voa

quarta-feira, março 18, 2009

quarta-feira, março 11, 2009

o amor e a mandinga

Os olhos do amor são cristais sutis
derreados em bolhas de diamante,
repara, ao ver amantes no mirante
sempre espera-se o adiado fim...

amor é prerrogativa dos cuidadosos
amantes chamuscantes são como o galo,
não põe ovos
e assim não vislumbram o novo dia...

e há sempre um novo dia para o amor...

eu posso dizer que não fui feliz,
hesitei no amor, passadas erradas,
não soube adocicar o mel que nos traz namoradas...
faltou-me um pouco de mandinga...

E a mandinga é saber distinguir o reluzir do ouro
fazer do que nos falta o nosso maior tesouro,
é dar o bote no momento certo e não perder o tempo da rasteira...

Assim posso dizer que amor e mandinga caminham juntos
ou no minimo devem caminhar...
entretanto tenha em mente,
que um na falta do outro
é como a noite no céu sem a lua no mar...

domingo, março 08, 2009

Eu tenho inseguranças
que fazem-me hesitar
talvez seja sua dança
ou seu jeito de me olhar...

Talvez seja uma forma sua,
escrota, a me atraiçoar
seu olho sem ter o meu corpo
seu beijo a não me beijar

Pode ser tanta coisa
que tenha pra me ofertar
talvez nada que eu pense
(uma surpresa dessas sem par)

há danças e cirandas,
que tenho por caminhar
com essas inseguranças
que fazem-me hesitar...

domingo, março 01, 2009

dúvida poetica

eu não sei se a vida é vida minha
nem se vida minha é vida apenas
eu gostaria de cantar sonetos
bonitos e leves como uma pena

Mas meus sonetos saem soturnos
fortes e opacos como a bruma
parecem as ruas em ares noturnos
ou epilépticos e suas espumas

o que é pura reflexão
desta vida controversa
é minha ou não? me diz...

(há sempre uma duvida poética)
o que não é bem assim,
(até porque é bem patética...)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Sobre o prescindir da mulher

Uma mulher não vale o poema,
não são tuas pernas carnudas,
sua bunda, seus seios, dilemas
Que valem a fala macia
o verso que assalta e arrepia
a poesia que assunta o poema

Uma mulher pode ter lírica voz
um jeito que causa saudade
duvidas que embalam a tarde
ou trejeitos de quem tem pena
e mais uma completa diversidade
que mesmo assim não vale
um decimo do poema

Uma mulher provoca gozos
ao olhar, ao toque, penetração
suscita dangerosas odisseias,
enfim, mulher causa o mundo
e até um pouco mais,
mas no entanto a poesia
não tem que cantar sua magia
nem seu jeito de satanás

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

trabalho à Charles Bukowski

fala parece que soca
o olho daquele que diz
verdades sinceras e toscas
do porvir e não disto aqui

Transcende imanentemente
quando fala o que nunca se diz
até quando, enfim, entredentes
escreve do amor que sorri

Da náusea retira seu brilho
do porre razão de existir
sincero poeta dos trilhos

trilhados por nosso viver
me dá um pouquinho do seu brilho,
aqui o poeta é você...


o o
-^
-~

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

ladrão de belezas

Ela que tem aparencia,
esta cada dia mais bela,
Não sabe que roubei dela
a flor da sua inocencia

Andava ela pela rua
parecendo que flutuava
enquanto eu à olhava
sugando sua pele nua

sugava seu olho encantado
sua cor alva e dengosa
roubava até mesmo sua prosa
roubava e ficava calado

o assalto à mão armada
fiz a partír do olhar
roubei até o balançar
de seus seios e passadas

e fiz isso tranquilamente
sonso e serenamente
eu que não à tinha pra mim...

pudera, ela que não quis,
negou meu verso e poema
assim, sem nenhum dilema
elevando o seu belo nariz

e então eu fiz o que pude
para aplacar minha dor
roubei muito e amiúde
roubei, sem nenhum pudor...

sábado, fevereiro 07, 2009

versinhos

eu mimo essa menina
de tudo que encanta e atina;
as cores do vento no mato
os olhos do mar salgado
a noite entupida de estrelas

Encubro a sua relva de pele
com os cheirinhos crisálidos do mato molhado
e pego do gosto da boca
o cheiro da rosa num tom orvalhado

sinto do pescoçinho
aquele cheiro de capim santo
e salvo do seu umbiguinho
um inseto ladrando pelos teus cantos

planejo ser sua poesia
mais bonita e mais dengosa
quem sabe um verso bem feito
que sai de sua boca
num dia de prosa

talvez ser matéria animal
dos seus mais recônditos pensamentos
andar pelo seu quintal
fazendo das coisas que aninha o vento

ser motivo de graça
de seu plurialvo e formoso sorriso
andar pelas suas casas
cantando e dançando
(este é o meu vicio)

Depois de descansar um pouquinho...
que ninguem é de ferro e só descansado
posso fazer para ela
tudo que disse e bem caprichado!

domingo, fevereiro 01, 2009

Uma poesia sem destinatario

ouvi dizer que você queria que eu lhe fizesse uma poesia
mas essas coisas não são assim,
o verso as vezes demora de chegar...
mas mesmo assim espere um pouco e se aproxime
quem sabe isso aumente minha capacidade criativa,
me dê um pouco mais de inspiração,

(confesso que a poesia nem sempre é sinceridade)

mas tenha calma
com isso não quis dizer que não lhe brindarei um verso,
devagarzinho ele chega
é que a paciencia é extremamente elementar nessa hora...

mas lhe confesso que isso mexe comigo...
Esse lance de mulher me pedir um verso,
sabe como é, né?
testosterona, sexo, essas coisas...

mas no seu caso foi diferente,
encarei como uma forma de aproximação tranquila,
troca de amor tranquilo,
sem caricias e bolinações...

mas mesmo assim me deixou mexido por dentro...

é que você me pediu um verso e...
uma poesia que você quer, né?

acho que não dormirei nessa madrugada...

quarta-feira, janeiro 28, 2009

recepção

Entre a casa é tua,
pode deixar suas coisas espalhadas no sofá,
não se preocupe com o barulho da rua
observe todos esses quadros
que a beleza esqueceu de entrar

são todos meus

Se quiser pode folhear a minha poesia
ela esta ai espalhada por cima da mesa,
e alguns versos perdidos em baixo do sofá,
não se preocupe em emitir sua opinião...

Quer um copo com água?
esta geladinha, você não vai se arrepender...
o que? outro copo?
tá bom.

Agora pode entrar no meu quarto,
acho que estarei lhe esperando...

não se esqueça de apagar a luz da sala quando entrar...

domingo, janeiro 25, 2009

quarta-feira, janeiro 21, 2009

domingo, janeiro 18, 2009

ao canto africano

Doce Africa de lirica voz
menina dos sonhos
Estado medonho
Estamos a sós

Ouvindo seu canto
sem entender
não ouço seu pranto
(Não deves ter)

um sorriso lhe oferto
não minha pena
(não posso ter pena

de quem canta assim
um ritmo belo
um sonho sem fim)

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Desabafo II

meu coração é um fado
raivoso como a doença
partido e estilhaçado
aguerrido e sem crença

é que meu peito diz clamores
leves e fortes, mas soturnos
coagulado em finas dores:
aquarela em ares noturnos

E agora meu jeito esbraveja
ante o ser que me criou,
que com sua boca que beija
em tristeza me deixou

segunda-feira, janeiro 12, 2009

soneto da mediocridade

Eu que não sou tanta coisa...
sabe, tanta coisa que não sou...
prossigo tentando ser,
como quem cura uma dor...

EU que agora estou só,
por escolha minha, admito,
mas de que vale este grito
se o que sobra é a dor.

Mas prossigo assim...
fugindo da normalidade
disperso da mediocridade

curando as chagas de cristo
em pleno ossos do oficio:
poeta, menino, frescor...

terça-feira, janeiro 06, 2009

Celestianisses

Um dia o sol disse a lua
"Eu já fui RÁ, já fui HELIOS
serenei por loucas mitologias,
sempre a ser seu oposto
até na pior das poesias,
hoje, sem baile, centreio
neste sistema solar,
e você nesse roto passeio
em torno da terra a vagar...
Que merda hein?"

E a lua disse:
"ô, fazer o que?"

domingo, janeiro 04, 2009

olhos desnudos

de que me vale a rima solta
se a vida é outra a cada dia
E é outra e sempre a mesma
que segue me perde e fareja
outra forma de me ser guia

UM vento soçobra na nuca
uma luz esvoaça nos olhos
o dia clareia na face
e a morte permeia a viagem

e há varios portos sobre a maré vazia

e Deus prossegue no alto
incólume, de braços cruzados
com sua balança de vento
seu cão, sua mulher ao relento
a chorar pelo filho perdido

E há miriades de vestes a permear o universo
olhos, castelos, forças e gestos
cidades, ameaças, carícias, sevicias
lutas, classes, indefinição,
varandas, cirandas, mãos, toques, vultos
absurdos.
UM mutirão de coisas avexadas de tanto caos
uma cidade em traças conforme fausteia os sinais
um absurdo.

Uma rima diria o que disso tudo?

sorria garota, não há nada que abale o riso de uma mulher
quem sabe ela mesma, em colapso desnudado em sevicias,
mais nada.

sorriso, beleza, caricias, sevicias
o que dizer desta profusão de denominações?
o que dizer da tarde quando esta vara a noite,
quando a lua se alumbra em foice
o que dizer da bunda da mulher melancia?
das risadas que abrimos ante a ousadia?
o que dizer dos vernaculos da rede globo?
do idilio movimento do globo?
o que dizer?

diz... que o que se diz são palavras
manifestações obscuras em vestes aclareadas
que tal qual a lua que reflete a luz
faz da vida sideração de energias em forma de pus.
(manifestação esbranquiçada da luta dos globulos brancos...
simbologia obscena dos nossos quebrantos)
e mais nada.