O sol, desrespeitoso do equinócio
Cobre o corpo da Amiga de desvelos
Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos
Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio.
E ainda, ademais, deixa que a brisa roce
O seu rosto infantil e os seus cabelos
de modo que eu, por fim, vendo o negócio
Não me posso impedir de pôr-me em zelos.
E pego, encaro o sol com ar de briga
ao mesmo tempo que, num desafogo
Proibo-a formalmente que prossiga
Com aquele dúbio e perigoso jogo...
e para protegê-la, cubro a amiga
Com a sombra espessa do meu corpo em fogo.
Um comentário:
sim, essa carta é incrível e sempre volto a ler. Rilke sabe das coisas e tem os melhores conselhos. ele é atemporal e gênio, como tantos outros. enfim.
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