domingo, agosto 27, 2006

vomito estes versos
pra não te entregar
menina linda que me fez ver:
a saudade é sílaba tônica do sonhar.

Enquanto isso?
agente vai levando...
com rezas, presas e vitrolas
ouvindo Jorge Ben aos sábados,
ou tocadeiras de viola

então peço-te, humildemente,
permissão...
perpassa em minha cabeça
algumas duvidas...

Será que sua saudade é verdadeira?
Não...

Preciso de um tempo...

e de uma vida sem culpa

quinta-feira, agosto 24, 2006

Mais força
foi melhor
mesmo fingindo, mentindo...

mais firme
menos facil
feitor maldito
mal falado

minguando minha fala falocêntrica
maldizendo minha fulgaz frequência
mentindo
mesmo fingindo...

menino minguado,
falseando fechado
minha felicidade faraônica,
metaforizada falsamente...

quarta-feira, agosto 23, 2006

Traduzir-se (poema de Ferreira Gullar muito bom)

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

segunda-feira, agosto 21, 2006

Via Magia(ou uma forma de voltar atrás)

o que nos dá nessa escola
que a saudade é constante
que o amar é pedante
que o poeta é sincero

o que que há nessa magia
que nos traz alegria
só de estar lá

eu pensei em fazer um soneto
mas este é preso demais
então lembrei que a saudade
é uma forma de voltar atrás

mas então poeta,
que fala sozinho,
escolha um caminho:
só um caminho!
já não podes voltar

escolha um problema
escolha uma solução
não têm mais sentido;

viver nessa solidão

quinta-feira, agosto 17, 2006

desabafo sem nome e impossivel de nomear (um desafio aos psicanalistas)

a morte mar e furia

no norte

da tua candura

suporte

das estruturas

escolte

o que te usura

não folgue não lenha a dura

não solte não siga a cura

se enforque nas pestilentas

nem sobre nas tuas horrendas

maldades do meio-dia

terça-feira, agosto 15, 2006

pra voltar com mais coragem?

aqui estou eu
no alto do condomínio
buscando raízes intoxicadas
e madeiras podres de fim de sábado

Pensei em fumar um cigarro

Assim meu deus pergunta
que duvida?
pois nos montes mais altos
É que o vento sopra forte
mas não me dá coragem

É que meu verso pergunta primeiro
matreiro,
mas por falta de aconchego, emudeço.
E emudecido hei de ficar

segunda-feira, agosto 14, 2006

poema exato

Não tem mais sentido.
O verborragico sentido mudo,
que surdo...
pensa que fazer
é saber que sabe o saber
errado.
Calado
prossigo sentado
e penso que quatro horas tenho teatro

domingo, agosto 13, 2006

Na noite mais rubra de um menino calado

na hora mais finda
da noite mais linda
que o sol consumiu
resplandece a coragem
que o coração repartiu

Na noite mais clara
da agua salgada
que ainda teima em achar
por estrelas no amar
sequer se pergunta:
Se o dia calreou...

No sol mais bonito
que caiou sobre nós
desmanchou na cegueira
e ficamos sós

segunda-feira, agosto 07, 2006

não tem solução
o barco navega
o sonho se apega
a podridão
de rimas fracas
de letras cálidas
de sonhos sem nó
temendo o pior:
desabrochar das flores,
temendo o mais louco:
alucinar das sementes
e mesmo sem inspiração
sem letras vindouras
sem coisas amargas
sem cheiro de nada...
eu vou prosseguir

sozinho

sexta-feira, agosto 04, 2006

passada a hora proposta
pro sonho realizar
meu peito aquece a boca
e me faz querer falar

- O quê?

não é a alma estrabica
o coração repartido
a sua solidão(porque não?)
não é o meu sonho sem nexo
meu amor em anexo(obrigado anadora)
meu canto fulgaz...
não é o singelo desejo
o culpado gracejo
a minha liberdade...
(ou tua saudade?)
não se trata deste poema
de tua vida pequena
desta merda sem paz
assaz...
gritante e mal cheirosa
que em dia de rima sem prosa
me faz ter de gritar
(te quero?)

quarta-feira, agosto 02, 2006

Além da Marxa (Epopéia de uma poesia)

Ainda que seja inóspito,
hospitaleiro e boçal,
o meu poema não passa de nena
quase-poema épico-banal

reune em si algo de nada,
O tudo deixou escapar.
Lendario esquema de manter-se a cena
juventude no intuito de mudar

Rigidez plástica onomatopeia,
bumbumbun claclacla
idílico de falar das moças;
do fundo do beco no além do além-mar

Não costuma ser sempre poesia:
fusão, união, penar.
Não procura mudança de forma
e o conteúdo chegou sem chegar

legado de som tropicalfernalha,
nem se importa com o que há de será,
É geral do vandréguardista
Na pista!
da raive pulsar...

ligadão de ser surfista
broto, maronha, fuder sem fumar
Camisa de colo morena da lista
biquini sinistro e sem se importar

homens sem visto e nuzinhos no mar
petrificando a visão de quem não quer se vê
Rimar perfeitas, além de 'm' e 'a',
na singela tentativa de ter algo em você

Mudanças de tom
No saber axioMarxico
Que o conteúdo é que passa
com um som mais-legal

terça-feira, agosto 01, 2006

a pergunta que não quer calar

Era um grupinho de meninos, de uns 9 a 10 anos, jogando conversa fora(se é que se joga conversa fora com essa idade) e acreditem! Já falavam de mulheres... É meu caro hoje em dia já não se tem mais idade pra essas coisas não, só não falavam sobre sexo porque não sabiam o real significado de ter um pau(não tinham, como eu, puberdade precoce). Papo vai, papo vem, até que um pimpolho solta um peido, desses que são raros: altos e fedidos. No momento houve aquela geral gargalhada, uns taparam o nariz, outros bateram na bunda do infeliz na tentativa, fracassada é claro, de acabar o fedor: não se enganem, eles ainda são apenas menininhos de uns 9 a 10 anos. Até que num instante luminoso, desses que se abatem numa conversa e todos têm o mesmo pensamento, mesmo sem perceber isso na situação(é, acontece na conversa desses meninões também) todos ficaram calados, matutando com seus botões e criando suas pequenas-grandes duvidas... Mas foi só um, corajoso e destemido garotinho, que fez a criativa e famigerada pergunta que pousara nas cabeças (não tão) inocentes de todos os mini-garotões presentes na situação:
- Será que elas cagam também?
Não houve resposta, e desse dia em diante foi-se descoberto(ou decretado) o motivo, porquê todos os homens duvidam de sua masculinidade.