sexta-feira, julho 15, 2011

Tardio

Depois de um tempo

O que resta são encontro de lembranças

Desencontro de palavras

E silêncio.


E não há nada a desentranhar o que se foi


A cerveja no copo,

O silêncio irrequieto

Apenas atesta uma cumplicidade passada

Que fossiliza ao fundo dos olhos

E decai aos poucos

Como carbono catorze.


E o que é estranho

não é perceber o que menos esperávamos

Ou ver no outro o que sequer imaginaríamos,

Mas este passado em comum,

Aonde os sonhos tanto se cruzaram

E agora resultam ôcos

Cada qual embrulhado em seu canto

Como um pacote, um achado arqueológico

Em um beco sem saída da memória,

Nesta amplidão a que chamamos Eu.

4 comentários:

Anônimo disse...

Tah muito linda...
Noemi

Anônimo disse...

A cada tempo,encontras jeito bom de fazer poesia,a poesia nasce fácil agora, tenho essa impressão.

Noemi

angeloreale disse...

"mas este passado em comum,
aonde os sonhos tanto se cruzaram,
e agora resultam ôcos[...]"

e cada vez mais ôcos, "creyendose menos vacios". como o C14, que independe de espécie: tem a eternidade da infância até a sua semivida.
é quando se evidencia o ritmo exponencial inerente ao desgaste e em um piscar de olhos se sublima em entropia e nostalgia.


sua poesia me tocou muito meu caro bilis,
denota uma serenidade que só o tempo nos pode dar.

dei um 'tchân' no blog e volto a compartilhar meus rabiscos lusitanos.

um abraço silencioso

Bruna Rocha disse...

Um dia quero me desapegar das rimas, como você... Elas me ajudam, mas também amarram um pouco a minha escrita. Bjos