Depois de um tempo
O que resta são encontro de lembranças
Desencontro de palavras
E silêncio.
E não há nada a desentranhar o que se foi
A cerveja no copo,
O silêncio irrequieto
Apenas atesta uma cumplicidade passada
Que fossiliza ao fundo dos olhos
E decai aos poucos
Como carbono catorze.
E o que é estranho
não é perceber o que menos esperávamos
Ou ver no outro o que sequer imaginaríamos,
Mas este passado em comum,
Aonde os sonhos tanto se cruzaram
E agora resultam ôcos
Cada qual embrulhado em seu canto
Como um pacote, um achado arqueológico
Em um beco sem saída da memória,
Nesta amplidão a que chamamos Eu.
4 comentários:
Tah muito linda...
Noemi
A cada tempo,encontras jeito bom de fazer poesia,a poesia nasce fácil agora, tenho essa impressão.
Noemi
"mas este passado em comum,
aonde os sonhos tanto se cruzaram,
e agora resultam ôcos[...]"
e cada vez mais ôcos, "creyendose menos vacios". como o C14, que independe de espécie: tem a eternidade da infância até a sua semivida.
é quando se evidencia o ritmo exponencial inerente ao desgaste e em um piscar de olhos se sublima em entropia e nostalgia.
sua poesia me tocou muito meu caro bilis,
denota uma serenidade que só o tempo nos pode dar.
dei um 'tchân' no blog e volto a compartilhar meus rabiscos lusitanos.
um abraço silencioso
Um dia quero me desapegar das rimas, como você... Elas me ajudam, mas também amarram um pouco a minha escrita. Bjos
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