quinta-feira, maio 26, 2011

Encontro

Pensar, procurar, não saber
E mesmo assim fazer,

é coisa que gente faz
ao acordar, ao dizer amor;

É como encontrar o termo
de um teorema perfeito
E não distinguir seu valor.

Procurar o pretérito perfeito
o futuro do sujeito,
E ter o mesmo dissabor,

É matéria de humana existência,
abstrata reincidência:
unívoco frio para dois cobertores.

Embora às vezes se escuta
uma incongruência aguda
cheirando a conhecimento.

É quando então percebemos
o rota do próprio sereno
em meio multidão de ventos.

sexta-feira, maio 06, 2011

Em toda parte sertão

É tempo que passa e não fica
É tempo que fica e não vai
a lua com toda sua lírica
E o vento no seu leva e traz

Sou moço que vem da cidade
nascido e criado sem chão
caminho os meus passos sem passos
Por terra que não é terra não

não é vento que traz o meu frio
nem o sol é o que traz meu calor
sou moço fantasma e sem fio
nas telas de um computador

E assim por esses ventos vazios
Vou chorando o que não vou viver
Singrando noitadas a fio
Lembrando um passado não meu

E como se fosse uma vida
E como se fosse a verdade
escuto as historias antigas
E delas que sinto saudade

vislumbro esse chão ressequido
mandacaru, bala e fuluor
cangaço, chiado e serpente
e festa com santo no andor

A corda da viola dançando
O lume no céu estampado
a moça em todo seu encanto
É festa ai meu deus obrigado...