Depois de um tempo
O que resta são encontro de lembranças
Desencontro de palavras
E silêncio.
E não há nada a desentranhar o que se foi
A cerveja no copo,
O silêncio irrequieto
Apenas atesta uma cumplicidade passada
Que fossiliza ao fundo dos olhos
E decai aos poucos
Como carbono catorze.
E o que é estranho
não é perceber o que menos esperávamos
Ou ver no outro o que sequer imaginaríamos,
Mas este passado em comum,
Aonde os sonhos tanto se cruzaram
E agora resultam ôcos
Cada qual embrulhado em seu canto
Como um pacote, um achado arqueológico
Em um beco sem saída da memória,
Nesta amplidão a que chamamos Eu.