sábado, outubro 27, 2007

retrospecção

Caçar ratos
Caçar papos
Caçar vida

Encaçapa nossa angustia na ferida

Meu irmão dizia saruê
E eu ia matando sariguê
E imitando os mais velhos

Saudade deste tempo venereo

Meus amigos já muito estropiaram
Comigo contigo e consigo
Meus amigos já deram muito motivo
Pros mais variados motivos
De briga de Sina
De felicidade
E também dão motivo pra muita saudade

sexta-feira, outubro 19, 2007

É doze horas(à Inajara)

É 12 horas
Dizia um menino
E eu saia em desatino
Hora de bater o baba
Sai gurizada
Até eu mesmo dizia
Nada de perder tempo
E mulher não tinha espaço dentro

(Pode até parecer baixo astral
Mas são coisas de menino
Afinal quem nunca brigou pela quadra?
Quem nunca teve raiva de uma mulher ousada?
Que chegou primeiro e armou a rede de voley...)

E então sequer batia o time
Sempre era o escolhido
E saia invicto no final.
Foi ou não foi uma infância maestral?

segunda-feira, outubro 15, 2007

Poesia em prosofolia

disverso
meu verso
pra prosa em metros

metros e mais metros de prosa

me lembra meu avô...

É mesmo
e eu que já nem criança sou
adoro ouvir meu avô
que conta histórias...

comunismo stalinismo
ACM
prefeitos de municípios perenes
morte no carnaval
briga no seu quintal
sabedoria de rua
de pedreiro anistiado
petroleiro anistiado
sargento anistiado

(meu avô foi torturado
Mas não conte pra ninguém
suas verdades da ditadura
pertencem a ele e mais ninguém)

quarta-feira, outubro 03, 2007

mundo é mutua poesia

É que o mundo é mutua poesia
Beijos sem sons,
Calafrios ousadias
é sonho que tecemos noite e dia
E o fazemos ao fazermos poesia

Mundo é sumula da verdade:
O pensamento que desfaz nossa agonia
Mundo brinda com terrenos e saudades
Sacoleja a tarde e desespera o dia.
sempre a ser uma possibilidade
De se fazer outra coisa um dia

Mundo é muita beleza também muita iniqüidade
São desejos convergentes que divergem em sintonia
Mudo desejo de termos sua longevidade,
Pois o homem enquanto tal morrerá um dia